As figuras de linguagem, também conhecidas como figuras de estilo, são palavras que criam novos significados para um texto, dando mais expressividade a ele.
As figuras de linguagem podem ser divididas em quatro grupos:
- Figuras de Som: correspondem aos conteúdos sonoros das palavras;
- Figuras de Pensamento: exploram a estrutura gramatical da frase;
- Figuras de Construção: modificam as relações sintáticas;
- Figuras de Palavras: diz respeito ao significado das palavras.
É importante saber identificar as diversas figuras de linguagem, pois desta forma é possível interpretar adequadamente textos dos mais variados tipos e gêneros textuais.
1. Figuras de som
São figuras associadas á sonoridade das palavras e, por isso, exploram os efeitos da linguagem para reproduzir sons nos seres.
Aliteração
A aliteração é caracterizada pela repetição harmônica e ritmada de sons consoantes. São destacados principalmente os fonemas iniciais das palavras.
Exemplos:
Fogem fluidas, fluindo á fina flor dos fenos.”
“Que a brisa do brasil beija e balança.”
Paronomásia
São palavras que possuem semelhanças, tanto no som quanto na grafia, mas que apresentam significados diferentes.
Exemplos:
“Há soldados armados, amados ou não quase todos na rua, indeciso cordão.”
Assonância
A assonância é uma figura de som que utiliza a repetição, assim como a aliteração, porém a repetição acontece apenas em sons vocálicos idênticos ou semelhantes, produzindo assim efeito harmônico.
Exemplos:
“A pálida lágrima da Flávia.”
“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”
2. Figuras de construção
As figuras de construção são caracterizadas por apresentar determinadas mudanças na estrutura comum das orações.
Elipse
Trata-se da omissão de um termo que pode ser identificado a partir do contexto criado pelo texto.
Exemplos:
“Neste natal, vou comer muitas castanhas.” (omissão do termo “eu”)
“Na sala de aula, apenas cinco ou seis alunos.” (omissão do termo “havia”)
Zeugma
É uma forma particular de elipse que consiste na omissão de um termo utilizado anteriormente no enunciado.
Ela come pizza; eu, carne. (omissão de como)
Polissíndeto
Consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”
com calma sem sofrer” (Olavo Bilac)
Inversão
consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.
“Do que a terra mais garrida / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores” (Osório Duque Estrada, em Hino Nacional Brasileiro)
Silepse
Consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:
• silepse de gênero
Vossa Excelência está preocupado.
• silepse de número
Os Lusíadas glorificou nossa literatura.
• silepse de pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”
Anacoluto
Consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
“O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto” (Carlos Drummond de Andrade) .
Pleonasmo
Consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal”
(Fernando Pessoa)
h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer” (Camões)
3. Figuras de pensamento
Antítese
Consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
“Eu vi a cara da morte, e ela estava viva”. (Cazuza)
Ironia
É a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”
Eufemismo
Consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Seu Jurandir partiu desta para uma melhor. (em vez de ele morreu)
Hipérbole
Trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estava morrendo de fome. (em vez de estava com muita fome)
Prosopopeia ou personificação
consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.
“Devagar as janelas olham…” (Carlos Drummond de Andrade)
Gradação ou clímax
É a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
“O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário.” (Olavo Bilac)
Apóstrofe
Consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).
“Ó Leonor, não caias!”
4. Figuras de palavras
Metáfora
Consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu coração é um balde despejado” (Fernando Pessoa)
Metonímia
Como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:
Sócrates tomou as mortes. (O efeito é a morte, a causa é o veneno).
Catacrese
Ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.
Antonomásia ou perífrase
Consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:
O Rei do Futebol (em vez de Pelé)
Sinestesia
Trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
“Como era áspero o aroma daquela fruta exótica” (Giuliano Fratin)
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